Fui batizado na igreja católica quando nasci. Toda minha família e familiares eram católicos. Me lembro de recolher donativos, com 6 anos de idade, para a construção da igreja do bairro. Lembro de malharmos o judas nas festas juninas e do pânico que sentia vendo aquilo. Tive avó adventista também. Minha familia se converteu às Testemunhas de Jeová quando eu tinha 7 anos. Descreverei esse episódio mais para frente. Mas, o que gostaria de salientar aqui, é que nas religiões às quais eu fiz parte, foi incutido na minha mente que eu não deveria pedir coisas materiais, a não ser o suficiente: o pão-de-cada-dia. No entanto, agora eu tinha uma empresa e necessitava de muito mais. Ao mesmo tempo que me sentia fraco para sustentar o meu negócio eu ficava receoso de pedir coisas para o meu crescimento financeiro. Lembrem-se que em momento algum aqui estou priorizando o lado material ao lado espiritual. Até mesmo porque com o lado espiritual firmado dentro de nós não há como buscar o caminho material, como vocês poderão ver mais a frente. Assim, um dia, na minha primeira gira de cigano, fui avisado que aquele era um ritual para os bens materiais, prosperidade e negócios. Pensei:
- Será que se eu pedir que o meu negócio prospere isso acontecerá?
Então, fui ter meu primeiro atendimento com o médium que, com suas entidades, iriam me preparar bastante para a minha jornada. Quando me aproximei dele, sempre tremendo os braços e as pernas por sentir às vibrações daquele lugar, recebi meu passe e ele perguntou o que eu queria pedir. Contei para ele sobre o meu negócio e que gostaria que ele prosperasse. Para minha surpresa ele me disse que não poderia fazer aquilo. Me deu uma moeda e me disse para deixar em local visível no meu escritório. Sempre que olhasse para ela, que eu lembrasse do quanto eu era capaz que se eu não acreditasse em mim ninguém poderia fazer nada.
Saí de lá bem energeticamente mas confuso mentalmente. Afinal, se os ciganos trazem os bens materiais porque meu crescimento financeiro dependeria de mim?
Ao retornar ao meu escritório na segunda-feira, deixei a moeda em lugar de fácil acesso conforme o Cigado Rayan, esse era o nome da entidade com a qual passei, havia me orientado. Quando olhava para ela procurava entender as palavras dele. E aos poucos foi clareando minha mente. Aquele não seria mais uma história como foi a do Dumbo, mas era um pouco parecida. Lembram-se do Dumbo? Que necessitava de uma pena para poder voar e quando perdeu a pena ele pensou que não voaria mais? Então, no meu caso eu sabia que não seria a moeda que faria com que eu atingisse meus objetivos materiais. Mas entendi o recado. Sabia que sem fortalecer meu interior e acreditar que meu empreendimento prosperaria eu jamais, nem com toda ajuda espiritual do mundo, fazer com que ele crescesse.
Aprendi com isso que a Umbanda não é só mágica. As pessoas costumam procurar os centros pensando que eles farão magia para que as coisas aconteçam de forma fácil para elas. Mas, de que me adiantaria um negócio próspero se que não saberia lidar com ele? Vim somente a entender tudo isso plenamente conforme os meses avançavam. Os bens materiais são importantes sim, no entanto, para recebermos estes advindos do povo de Aruanda ¹, temos que ter fé primeiro em nós mesmos para termos a certeza de possuirmos a força suficiente para ficarmos de pé durante toda a caminhada.
Onde está a magia nesse caso? Eu não precisei falar para o Cigano que eu necessitava de ajuda interna, que eu precisava modificar meu interior. Ele simplesmente intuiu isso e me deu o que seria importante para mim naquele momento.
Hoje em dia quando tenho atendimento com o Rayan, ele não me pede mais para acreditar em mim, pois, adquiri uma força interna que parece ser capaz de mover montanhas, ele simplesmente direciona a energia dos ciganos para que esta me envolva e cubra também meu caminho e meu negócio para que a vibração advinda desse povo possa trazer prosperidade material para mim e para os que estão ao meu lado.
Obrigado ciganos pela maravilhosa vibração concedida!
1 - Aruanda: É o céu católico para os Umbandistas. Onde ficam os espíritos ou guias espirituais.