segunda-feira, 21 de março de 2016

MAGAMALABARES - Músicas Proibidas – Parte 2


Era 1996. Eu tinha 15 anos quando Marisa Monte lançou o CD Barulhinho Bom. Sai da escola pela manhã e atravessei correndo o vidaduto Santa Tereza, em Belo Horizonte,  e cheguei sem folego na Loja Americas para comprar o CD. Eu já era fã de Marisa Monte desde os 11 anos de idade. Lembro que o namorado da minha irmã emprestou pra ela o vinil Cor-de-Rosa e Carvão e o Mais. Quem disse que ela conseguiu escutar? Apossei dos dois LP’s e quase não devolvi para o dono. Fui para casa ansioso de escutar o novo trabalho da Marisa. Assim que comecei a ouvir, tive que baixar o som, pois, a música que mais me agradei, a Magamalabares, continha trechos que uma Testemunha de Jeová jamais permitiria que seu filho escutasse.  Escutei com fone de ouvido o quanto pude naquele tarde. No outro dia, fui para escola. Ao chegar, vi uma fogueira na porta de casa: minha mãe havia queimado o encarte do CD por conter nudes. Olha, imagine alguém bravo (também pudera, filho de Ogum) disse coisas que fizeram minha mãe chorar, mas, que não me arrependo até hoje. Ao menos ela não resolveu escutar o CD, né?! Já pensou se ela escutasse oxaiê, anjo e Deus em uma mesma música, já seria motivo pra acharem que eu iria morrer no Armagedon.

Bom, eu sabia que minha mãe não gostaria que eu escutasse tal música. Gostaria não, ela me proibiria. Mas, o mais interessante, era que na época, eu nem sabia o motivo. Eu não tinha repertório para ter qualquer tipo de interpretação sobre essa música, somente sei que gostava, e chorava ao escuta-la (também pudera, filho de Oxum).

Quando pude compreende-la, da minha forma, afinal, poemas são subjetivos, Magamalabares ficou mais linda ainda. Alguns meses atrás em uma festa aqui no meu apartamento, minha prima, evangélica, disse que gostava muito dessa música. Bom, não sei se ela gostou da explicação, mas, ai vai:

(Escute aqui enquanto acompanha a explicação)

Magamalabares

(Neologia de Magas + Malabares. Malabarismo feito pelas energias, entidades, feiticeira, orixás femininos.)

Acqua Marã

(Uma das definições que achei para Marã, do Tupi, é revolução. Aguas que causam revolução. Considerando a formação religiosa do Carlinho Brown, podemos entender que ele, no inicio da música, fala de uma Orixá aquática que brinca com o movimento das águas (ondas) para gerar revoluções – no plano carnal e espiritual.)

Um barquinho oxaiê
Quem esteve aqui
Viu barquinho de gazeta
Ancorar no mistério

(O termo mistério é usado dentro da Umbanda e do Candomblé para designar campos magísticos. Barquinhos são oferendados a Yemanjá com toda sorte de perfumes e adornos. Quem tá sem grana pra comprar o barquinho de isopor ou madeira, faz um de jornal mesmo (A Gazeta) e oferenda pra Ela. Logo ele vê o barquinho ancorar no mistério de Yemanjá.)

Notas musicais
Dentre bolas de sabão
que de nossas serenatas vieram

(Ao som dos atabaques, músicas são tocadas reverenciado o Orixá. Construímos aqui a imagem das espumas do mar, “bolhas de sabão” enquanto preparamos a oferenda)

Flores que ofertamos
e que nunca morrerão
em vasos e jarros se bronzeiam

(Agora fica mais fácil imaginarmos o ritual todo. O barquinho de Yemanjá, a flores em vasos de barro. Quando uma planta recebe um Axé, sabemos que ela vive mais. Aqui, ele vai mais além, nossas oferendas nunca morrem para os Orixás. As flores, duram para sempre).

Os anjos de onde vem
sua vida
bem-vinda
a trilha

(Os anjos de onde vem? E os orixás? Cada um com sua vida. Seja bem vinda. Cada um com sua trilha, com sua jornada.)

Os livros não são sinceros

(Muitos livros fundamentalistas religiosos desmentes ou desacreditam os Orixás)

Quem tem Deus como império

(Aqui ele fala em Deus, mas, abaixo ele fala em sininhos, no Adjá, sino que serve para manter a vibração do orixá dentro do ilê ou direcionar ele no Xirê, dança dos orixás. Ou seja, quem escuta o Adjá, sabe que não está sozinho, o Orixá está ali presente com seu Axé).

No mundo não está sozinho
Ouvindo sininhos


segunda-feira, 14 de março de 2016

OS NOMES DAS ENTIDADES

Ogum Beira Mar, Cigano Kayron, Vô Bento, Zé Sivirino, Exú do Lodo: Em 5 anos de Umbanda já estão todos aqui.

Quando montei esse Blog, gostaria de fazer um relato constante do desenvolvimento do meu caminho espiritual no intuito de ajudar aqueles que um dia estiverem começando. Quando menos percebi, frequentei giras, cursos, palestras, trabalhei, li alguns livro e não escrevi quase nada aqui para que eu pudesse reler e lembrar desse meu nascimento. Agora, todas as entidades estão presentes como se sempre estivessem estado aqui ao meu lado – sempre estiveram (a cada incorporação, um “flash” dos momentos que elas me socorreram em algum momento da minha vida).

Como as entidades nos dão seus nomes? Simplesmente “pipocam” na sua cabeça. Ai você pensa: “Gente, será que é isso mesmo ou é coisa da minha cabeça?!” Sou o tipo de pessoa que não grava nada na memória. Dê-me sua senha do banco e, se eu não anotar, 15 minutos depois terei esquecido. A cada entidade que se mostrava, eu não anotava nada como teste para saber se depois elas voltariam a deixar no meu mental o nome apresentado. Era certeiro que na próxima gira, da mesma entidade, ela estava lá se apresentando com o mesmo nome.

De todos os nomes de entidades que recebo, o que mais me impressionou foi o do Cigano Kayron. Sempre pensei que os outros nomes pudessem ser sugestão da minha mente por estar em contato com nomes tão comuns dentro dos terreiros. Kayron, é um nome que nunca fez parte do meu repertório de pessoas ou personalidades que conheço. Eu, que não entendia nada sobre mitologia grega, fui lá pesquisar. Esse nome é uma variação de Quiron(Um Deus centauro). Ao estudar sobre a origem do povo cigano na Europa, a maioria atravessou a Grécia para chegar a outros países e continentes. Além da informação do nome, o Cigano Kayron é de origem indiana (os ciganos do mundo todo são originários da índia), o que pude perceber pela forma como ele se movimenta e os acessórios e roupa que ele usa.

Muitos médiuns podem ficar ansiosos quanto a saber o nome da suas entidades. Aconselho a nunca se preocuparem com isso. Empreste seu corpo para a entidade que em breve ela entrará no seu mental e deixará o nome lá, bem guardadinho. É um momento lindo do nosso desenvolvimento. Chorei todas as vezes que isso aconteceu.